A Associação dos Amigos da Natureza de Alpiarça (AANA) detetou a presença de uma família (crias e progenitores) de zarro-comum (Aythya ferina) na ETAR de Almeirim/Alpiarça.

A presença desta família assume extrema importância, uma vez que a espécie tem estatuto reprodutor ameaçado.

O zarro-comum é uma espécie “principalmente invernante em Portugal, sendo até localmente comum nessa época. No entanto, como ave reprodutora, é muito rara, estando essa pequena população classificada como “em perigo (EN)” pela Lista Vermelha das Aves de Portugal
Continental 2022. Segundo o III Atlas das Aves Nidificantes de Portugal, existem apenas entre 30 e 100 casais que escolhem o nosso país para fazerem os seus ninhos”, diz a associação, em comunicado.

Esta estação de tratamento de águas residuais é uma zona húmida artificial no concelho de Alpiarça, próximo da Reserva Natural local do Paul da Gouxa, sendo mesmo uma paragem muito importante para diversas espécies de aves nas suas migrações, e local preferencial para a nidificação de outras. Segundo a associação, “além do zarro-comum, já foram vistas por lá mais 58 espécies aquáticas”, como a Tadorna (Tadorna tadorna), também conhecida como Pato-branco. Uma espécie associada a zonas húmidas do litoral e raramente observada no interior.

Segundo o comunicado, este é “um local sossegado, sem acesso ao cidadão comum, o que é determinante para a escolha do local da nidificação. Acresce o facto de não terem ocorrido cortes de vegetação nos “combros”, pelo que se criaram as condições ideais para as aves se poderem esconder e construir os seus ninhos. Por fim, é importante referir que é um local bem posicionado geograficamente, nas imediações de diversas reservas naturais muito importantes para avifauna, como a Reserva Natural do Paul do Boquilobo ou o Estuário do Tejo”.